Troca de Anéis - 3ª Parte

Se você ainda não leu a 1ª parte e 2ª parte de Troca de Anéis, pode ser que fique em duvidas no texto seguinte.

Exame dos anéis

Uma vez removida a crista, temos agora condições de retirar os pistões do motor e examinar seu estado e o dos anéis.

Uma análise cuidadosa das condições em que se encontram os anéis, logo após retirados do motor, pode revelar imediatamente se o consumo excessivo de óleo que os mesmos vinham provocando era causado por um desgaste normal pelo seu tempo de uso, ou se esse desgaste foi anormal ou ocorreu uma outra irregularidade qualquer.

Entre as irregularidades possíveis de serem encontradas nessa primeira análise podemos apontar as seguintes:

Quebra de anéis superiores com baixa quilometragem.

Isto normalmente ocorre em anéis que foram abertos demais durante a colocação nos pistões, pois, ficam submetidos a uma tensão excessiva, resultando em fadiga e fratura após curto período de operação. Também pode ocorrer esta quebra se os anéis forem instalados em canaletas com desgaste além do limite aceitável.

Quando isto ocorre, os anéis batem contra os lados das canaletas com pancadas semelhantes a golpes de martelo, provocando o desgaste das faces laterais dos anéis e das canaletas, empeno dos anéis, fadiga do material e quebra.

A fim de evitar tal problema, quando da montagem no pistão, deve-se verificar que a folga lateral entre um anel novo e o lado da canaleta não seja maior que a especificada pelo fabricante de motor:

Quebra de anéis superiores com alta quilometragem

Também este tipo de falha é provocada por uma folga lateral excessiva entre o anel e sua canaleta, isto permite que os anéis se distorçam e vibrem, causando fadiga do metal e quebra. O desgaste excessivo das faces laterais do anel e da canaleta pode ser causado pela entrada de abrasivos no motor, desgaste por corrosão, ou por temperaturas extremamente altas nas canaletas dos pistões, o que geralmente é consequência de detonação ou pré-ignição.

Estes pontos, portanto, devem ser verificados e corrigidos quando da reforma do motor para que não tornem a provocar o problema.

Anéis presos

Já esta ocorrência tem como causas as obstruções formadas por resíduos de óleo e carvão nas canaletas dos pistões, fazendo com que um ou mais anéis fiquem presos, provocando um aumento tanto do consumo de óleo como da passagem de gases para o cárter.


A quebra dos anéis é, freqüentemente, o resultado de anéis presos nas canaletas.

Quaisquer circunstâncias que obriguem o pistão a operar em temperaturas excessivamente altas, agravarão o perigo de emperramento dos anéis nas canaletas, podendo tais altas temperaturas ser causadas por sobrecarga do motor, ajuste da ignição muito adiantado, ou excessiva passagem de gases através de anéis e canaletas superiores demasiadamente gastos.

Outros fatores que podem fazer com que os anéis fiquem presos, e que, conseqüentemente, devem ser corrigidos na reforma do motor são:

1° - Troca de anéis em um motor cujos cilindros estejam excessivamente cônicos.
2° - Uso de um óleo lubrificante com uma percentagem de aditivo muito baixa para o tipo de serviço do motor.
3° - Falta de troca de óleo em intervalos regulares.
4° - Temperaturas do óleo acima do normal.

Anéis de óleo entupidos

Este tipo de ocorrência também provoca um excessivo consumo de óleo pois, com o entupimento dos orifícios do anel de óleo, não se consegue um retorno total, ao cárter, do óleo raspado das paredes do cilindro.
Por outro lado, ao se analisaram anéis desse tipo, deve-se atentar para o fato de que, freqüentemente, embora os mesmos posam parecer completamente entupidos, um cuidadoso exame poderá revelar que permanecem, ainda, pequenos orifícios nas fendas dos anéis, suficiente para o escoamento do óleo.

Os anéis nestas condições são eficientes no controle do óleo, a não ser que os depósitos de carvão entre os seguimentos e o separador tenham aumentado a ponto de tocarem a parede do cilindro, quando isto acontece, há um rápido decréscimo na pressão unitária dos anéis e o controle de óleo é grandemente reduzido.

As condições que provocam obstrução dos anéis são as mesmas que acarretem anéis presos e, por isso, devem ser cuidadosamente explicadas ao proprietário do veiculo a fim de que não as provoque de novo.


Anéis de óleo obstruídos.