Compensa ter um carro a gás?

Mais de um 1,5 milhão de motoristas brasileiros que apostaram nas vantagens do carro a gás estão, agora, assustados e em dúvida. Isso porque o preço do combustível não pára de subir. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), só este ano, o gás sofreu reajuste de 12%. Enquanto isso, no mesmo período, o álcool caiu 3%.

E o aumento do gás é refletido nas bombas. Em muitos postos, o custo do metro cúbico de gás já está maior do que o litro do álcool. E embora a procura pelo GNV ainda seja grande, os motoristas que andavam satisfeitos com a economia de dinheiro, reclamam. “Acho que não está valendo a pena não. O aumento está um absurdo”, diz um dos motoristas. “Vai se tornar uma situação difícil para taxista”, diz o outro.

De acordo com o Centro Brasileiro de Infra-Estrutura, um carro abastecido com um litro de álcool roda em média sete quilômetros. Com um metro cúbico de gás, o percurso é quase o dobro. Assim, segundo os técnicos, o uso do gás ainda pode representar uma economia de 37,7% em relação ao álcool na região Sudeste. No entanto, há três anos, a vantagem era bem maior: chegava a 51%.

Gerente de uma oficina, Daniel Bermudo diz que a procura pelas conversões caiu, porque o motorista está mais desconfiado. “A economia continua sendo excelente, mas ele pensa duas vezes em relação ao investimento que deve ser feito para poder converter o carro pra gás”.

Alguns estados oferecem descontos no IPVA para os carros a gás. Mas a questão é se o investimento inicial da conversão, de mais de R$ 3 mil, ainda compensa. Para a pesquisadora Suzana Kahn, do Instituto Alberto Coimbra de Pós-Graduação (Coppe-UFRJ), ela ainda é vantajosa em alguns casos.

“Se aquele consumidor roda muito, cerca de 2 mil quilômetros por mês, que é uma quilometragem elevada, ele vai recuperar o investimento em menos de dois meses. Agora, para aquela pessoa que não circula muito, tem que avaliar muito bem”, diz.

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